Sumário
ToggleEle era fisicamente imponente. Comparecia com a farda de sua corporação. Impunha respeito. Mas, quando se sentava na minha frente e nossos olhares se encontravam, eu descobria que ele estava novamente com aqueles olhos de quem “pede cama”.
Já havia frequentado vários atendimentos para cessar o alcoolismo. No seu prontuário estavam registrados pelo menos 6 anos de frequência. Ele parava e recaia. E esse ciclo era interminável.
No meu entender, a abordagem de dependência química, sempre deve incluir a família. E é assim que eu atuo. Geralmente o dependente químico não adoece sozinho. A família se desestrutura junto. Em muitos outros casos, ele é apenas o estopim de vários problemas que família acoberta. Tratar apenas o paciente e devolvê-lo para sua família desestruturada, é um atestado para o fracasso.
Por isso, depois de medicá-lo e solicitar alguns exames, como parte do plano de tratamento, pedi que nas próximas consultas, algumas pessoas da família viessem de forma revezada, em companhia dele. Ele foi descartando um por um. Foi alegando desavenças, desinteresse, oportunismo de cada um deles… No fim sobraram dois familiares chaves. Veio o primeiro, mas não foi tão útil. O último, foi chave.
Este familiar escancarou outros vícios que meu paciente tinha, que eram o gatilho para o alcoolismo. Nesse dia, vi um homem imponente se derretendo em choro: “Eu não aguento mais doutor… Quero sair disso e não consigo. Me ajuda por favor”. Eu fiquei atônito ao ver as lágrimas e soluços de um senhor de idade, imponente em sua farda, revestido de autoridade, fortalecida por um revólver pendurado à direita de sua cintura…
Depois que ele diminuiu a intensidade do choro, sussurrei para ele: “Estamos aqui para ajudar você”. Não apenas eu, mas toda a equipe de profissionais, que nesses 6 anos já vem assistindo você… Algum tempo depois veio a confessar que fazia uso até de alguns produtos de higiene para sustentar seu vício… Misturava com café para disfarçar… Suspirei mais uma vez…
Marcamos outras sessões. Dei algumas tarefas específicas que precisavam ser cumpridas por ele e por seu familiar que o acompanhava agora regularmente. Cobrei a execução desses deveres. Escrevemos alguns documentos para fortalecer esses compromissos por parte dele e de seus familiares…
Depois de algumas semanas, era notável o novo homem que se apresentava regularmente diante de mim. Esse homem rejuvenesceu! Compareceu várias vezes sem farda. Com roupas joviais, barba feita a rigor, excelente humor. Olhando para mim de cabeça erguida, sem aqueles olhos fugitivos…
Sua família estava se reestruturando e resgatando a dignidade. Estava destruindo seus demais vícios. Em poucos meses, estava apto para ter alta…
Agora o vejo poucas vezes. Mas com muita alegria e gratidão por fazer parte desse ponto de virada de sua vida. Não foi apenas com atendimento medicamentoso, mas todo um trabalho. Chamo esse processo de Mentoria, que nesses casos, faz toda a diferença e transforma a vida de uma pessoa, quiçá, de uma família inteira…
Se você um familiar ou amigo tiver problemas com drogadição ou alcoolismo, nós podemos ajudar. Basta manter contato por AQUI.
Dr. Ezequiel Chissonde
Programa DEPENDENCIAQUIMICAZERO
4 comentários em “NÃO AGUENTO MAIS DOUTOR… QUERO SAIR DISSO E NÃO CONSIGO! ME AJUDA POR FAVOR!”
Alcoolismo é cruel. Sofri na pele a dor de conviver com uma …
Sinto muito pelo seu sofrimento. Se eu puder ajudar de alguma forma, conte comigo.
Você pode agendar uma avaliação em: https://consultorio.abraasuamente.com
Ou me chame no direct: https://www.instagram.com/ezequielchissonde.med/
Quando alguém com este tipo de situação pede ajuda já é uma bênção
O que do “querer” ao passar pelo processo que é super doloroso e difícil
Mas com ajuda de um bom profissional e o querer sair é o caminho perfeito
Verdade Ana Carolina. Mas, existem casos em que a família ou amigos é que vão precisar tomar essa iniciativa de buscar ajuda, porque o paciente não tem mais forças nem discernimento para tomar essa decisão.