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ToggleEngana-se quem pensa que o relacionamento é abusivo apenas quando há agressão física. Existem muitas formas de abuso em um relacionamento, e você precisa estar atento e conhecer todas elas para identificar quando está nessa situação e saber como agir.
Você conhece alguém que já passou por um relacionamento abusivo? Saberia identificar as mudanças de comportamento que podem ocorrer nas vítimas de uma relação tóxica?
Esse tipo de relacionamento pode começar acompanhado de violências sutis, como psicológica, sexual e financeira.
Na maioria das vezes, a vítima sequer percebe que está passando por essa situação, pois foi condicionada a acreditar que o parceiro(a) só é abusivo se a agredir. O que torna ainda mais difícil se livrar do abusador.
Por isso, criamos esse post como um guia completo para ajudar pessoas vítimas de relacionamentos abusivos. Continue a leitura e saiba como identificar e como agir nesses casos!
O que é e o que caracteriza um relacionamento abusivo?
Um relacionamento abusivo é um padrão de comportamento que inclui violência física, psicológica e sexual. Esses relacionamentos são, muitas vezes, de natureza coercitiva e controladora e podem levar a ferimentos graves ou até mesmo à morte.
O ciclo de abuso também pode levar à depressão, ansiedade, TEPT e outros problemas de saúde mental para vítimas que foram abusadas por seus parceiros por um longo período.
Apesar de o agressor geralmente ser do sexo masculino e a vítima do sexo feminino, é importante alertar que esse tipo de violência pode acontecer em qualquer tipo de relacionamento, seja ele heterossexual ou homossexual.
No entanto, como é mais comum que esse tipo de abuso ocorra entre homens e mulheres, consideraremos esse tipo de relacionamento na construção do artigo, orientando assim as possíveis vítimas do sexo feminino – ainda que as recomendações possam ser aplicadas a qualquer vítima de relacionamento abusivo.
Como começa um relacionamento abusivo?
No início, tudo são flores. O relacionamento parece um conto de fadas e o companheiro é praticamente perfeito.
Isso é muito comum, pois o abusador precisa conquistar a confiança, o amor e a dependência da vítima.
Se no primeiro mês de relacionamento o indivíduo já demonstrasse sinais do seu comportamento abusivo, a relação não iria para frente. Então, primeiramente, temos a etapa da conquista.
Em seguida, quando a vítima já está envolvida e fragilizada, começam os abusos. O foco é deixar a vítima com baixa autoestima, sem confiança e acreditando que jamais encontrará alguém para amá-la se não for o atual parceiro, já que ela não possui qualidades (é feia, burra e outros defeitos que o abusador a faz acreditar ter).
Quando a vítima já está extremamente fragilizada, o foco é torná-la completamente dependente, seja emocionalmente ou financeiramente. Assim fica mais fácil controlá-la.
Muitas vezes, o abusador exige que a pessoa largue seu emprego por qualquer motivo fútil, como colegas de trabalho que ele não gosta, porque ela não precisa trabalhar já que ele irá sustentá-la ou para a sua própria segurança, por exemplo.
Com isso, ela passa a depender totalmente dele. O que a deixa sem recursos e forças para terminar o relacionamento e continuar a vida sozinha.
Quais são os sinais de alerta para um relacionamento abusivo?
Há muitos indícios de que um relacionamento é abusivo. Alguns são mais fáceis de identificar, enquanto outros são mais sutis. Veja a seguir:
1- Ciúme excessivo
Até certo ponto, o ciúme em um relacionamento é normal, geralmente quem ama tem ciúmes de seu parceiro.
Mas existe uma diferença entre o ciúme e o controle excessivo do companheiro.
Em um relacionamento abusivo, a pessoa ciumenta, muitas vezes, culpa o parceiro por seus sentimentos. Eles podem dizer coisas como “você é oferecida” ou “você não se dá ao respeito”.
E também podem tentar achar justificativas para o ciúme, tais como roupas e maquiagens que a mulher esteja usando.
2- Tentar controlar todos os aspectos da vida da vítima
Em um relacionamento abusivo, o agressor tenta controlar as amizades da vítima e os lugares que ela pode ou não ir. Essa é uma tática típica usada por agressores para isolar a vítima do mundo exterior.
O agressor, geralmente, usa essa tática para impedi-la de conversar com amigos ou sair com eles. Isso pode levar ao sentimento de culpa e vergonha que fazem com que ela permaneça no relacionamento por mais tempo do que deveria.
Os abusadores, muitas vezes, tentam isolar suas vítimas de seus amigos e familiares, para que não tenham nenhum sistema de apoio.
3- Invasão de privacidade
Em um relacionamento abusivo, o agressor tende a invadir a privacidade da vítima. O agressor pode fazer isso por meio de telefonemas, mensagens de texto, e-mails e outros métodos.
Exemplo: o abusador pode mexer no celular da vítima sem autorização, ler seus e-mails e mensagens, instalar programas de rastreamento ou “clonar o WhatsApp”.
Eles podem fazê-lo secretamente ou abertamente com base em “aqueles que não devem não temem”. Mas, em geral, eles não permitem que sua parceira tenha a mesma atitude.
Essa invasão de privacidade é uma forma de controle que pode ser psicologicamente prejudicial para as vítimas. Isso é especialmente verdadeiro quando o agressor tenta usar informações do telefone ou computador de seu parceiro contra ele.
4- Manipulação frequente
O agressor, geralmente, usa táticas de manipulação emocional para fazer a vítima se sentir culpada, o que a levará a recorrer a ele em busca de conforto, apoio e validação.
O objetivo é fazer com que a vítima sinta que merece o que está acontecendo com ela. E o abusador também utiliza dessa técnica para fazer com que a parceira cumpra com as suas exigências.
Algumas das chantagens mais comuns envolvem:
- Ameaçar terminar o relacionamento;
- Ameaçar se matar caso a parceira o abandone;
- Ameaçar algo em relação aos filhos, como ficar com a guarda das crianças;
- Ameaçar levar o animal de estimação da família com ele, etc.
A vítima, muitas vezes, sente que não consegue escapar do relacionamento abusivo por causa da culpa e da vergonha, o que a leva a permanecer nele por mais tempo do que deveria.
5- Destruir a autoestima
Um abusador tenta de todas as maneiras destruir a autoestima da vítima. Ele pode usar táticas diferentes para atingir esse objetivo.
O agressor, muitas vezes, tentará fazer a vítima duvidar de suas próprias percepções e opiniões.
Os abusadores, geralmente, usam uma variedade de táticas para manipular suas vítimas, mas uma das mais comuns é fazê-las se sentirem culpadas por seus próprios pensamentos ou emoções. Isso pode ser eficaz porque faz a vítima pensar sobre o que está fazendo de errado e como poderia mudar esse comportamento para interromper o abuso.
Tudo pode começar com críticas aparentemente construtivas e evoluir para xingamentos sem sentido.
O agressor fará com que a vítima sinta que não é boa o suficiente, que não é desejada e que ninguém a amaria. Eles também podem fazer com que a vítima se sinta culpada por quaisquer falhas ou erros cometidos por eles.
É comum ouvir as seguintes “explicações”:
- “Eu te bati porque você me forçou a fazer isso”;
- “Eu só fiz isso porque você me obrigou a tomar essa atitude”;
- “Se eu não gritar você não me escuta”;
- “Você só entende o que eu falo se for à base da força”;
- “Eu não queria fazer isso, mas você provocou”;
- “Você começou”;
- “Você é teimosa” e frases semelhantes.
A intenção do abusador é que a vítima sinta que a única pessoa capaz de aturar ela é seu atual parceiro, fazendo com que ela permaneça nessa relação tóxica.
6- Invalidação dos sentimentos
O agressor, muitas vezes, dirá que os sentimentos da vítima não são importantes ou estão errados. Eles dirão à vítima que ela “está louca” e precisa se acalmar.
Esta é uma tática comum usada por um agressor para manter a vítima em um local de submissão.
Em um relacionamento abusivo, é comum que o agressor invalide os sentimentos da vítima. Isso pode ser feito com palavras ou ações.
Quando você tenta discutir o relacionamento, ele não te dá abertura. Já começa a dizer que você está fazendo drama, que é “mimimi”, ou que você está assistindo muita novela ou passando muito tempo na internet.
Um parceiro abusivo pode, muitas vezes, convencer a vítima de que suas ações não machucam ninguém e que não se sente mal com o que aconteceu. Essa é uma das muitas maneiras pelas quais um abusador pode efetivamente controlar outra pessoa.
Eles também vão negar as coisas que disseram, dizendo à vítima que o que aconteceu não era verdade e apenas uma mentira para causar problemas em seu relacionamento.
Por exemplo, o abusador gritou com você e falou mal da sua família. Ele vai te fazer acreditar que você entendeu errado, que ele não estava gritando, ele apenas falou alto e que você distorceu as palavras dele.
Quando na verdade você sabe o que ele fez de errado, mas “deixa pra lá” porque começa a acreditar que está louca.
7- Controle financeiro
Em um relacionamento abusivo, o agressor, muitas vezes, exerce controle financeiro sobre a vítima. Esta é uma forma de abuso psicológico que pode passar despercebida por quem está ao redor da vítima.
É difícil para as mulheres escaparem de um relacionamento abusivo por causa de preocupações financeiras.
A seguir estão alguns dos sinais de que alguém está sendo abusado financeiramente:
- O agressor tem controle total sobre as finanças e acesso a contas bancárias;
- O agressor faz regularmente exigências de dinheiro ou ameaça reter fundos se não conseguir o que quer;
- O agressor insiste em saber onde seu parceiro gasta seu dinheiro;
- O agressor monitora constantemente os hábitos de consumo de seu parceiro e toma medidas para limitá-los.
8- Estupro
Muitas mulheres não sabem, mas não é porque você está em um relacionamento sério que é obrigada a ter relações sexuais com o seu parceiro. O sexo sem consentimento, ainda que com o seu marido, é considerado estupro!
Chantagear a parceira para conseguir ter relações sexuais, fazer ameaças ou realizar o ato enquanto a vítima está dormindo é errado! MESMO QUE ELE SEJA SEU COMPANHEIRO!
A única pessoa que pode ter direito sobre o seu corpo é você mesma!
9- Violência física
Relacionamentos abusivos são frequentemente caracterizados por um longo período de violência sutil e gradual que aumenta com o tempo.
Por exemplo, a agressão pode começar com empurrar, apertar o braço e sacudir. Pode evoluir para tapas, socos e violências mais graves.
Mudanças de comportamento que ocorrem nas vítimas de relacionamentos abusivos
Sabe aquela amiga que começou a namorar e mudou completamente o seu jeito de ser? Antes de julgá-la, analise se ela não pode estar sofrendo em uma relação abusiva.
Veja a seguir as mudanças de comportamento que normalmente ocorrem nas vítimas de relacionamento abusivo.
1- Isolamento social
O abusador costuma fazer com que a vítima se afaste dos amigos e familiares, ficando totalmente dependente dele para tudo. Sendo assim, é comum que a vítima deixe de ir em eventos sociais, festas de aniversários ou recuse qualquer convite para sair se o companheiro (a) não puder estar presente para controlá-la.
2- Dependência financeira
É comum que a vítima de um relacionamento abusivo se torne dependente financeiramente de seu agressor. Isso pode levar a um ciclo de abuso, em que a vítima se torna cada vez mais dependente de seu agressor e, portanto, mais vulnerável a novos abusos.
É comum, nesses casos, a vítima largar o emprego para cuidar da família ou simplesmente porque o companheiro acredita que ela merece coisa melhor ou que ela “não deveria trabalhar”.
3- Uso de medicamentos controlados
É comum que o agressor destrua a saúde mental da vítima a ponto de ela ter que se dopar com medicamentos antidepressivos e ansiolíticos para lidar com a realidade do relacionamento tóxico.
A vítima de abuso fica sem autoconfiança e com uma incapacidade de confiar em alguém. Ela luta com problemas de saúde mental que, geralmente, são atribuídos ao comportamento e às experiências de seu parceiro.
Note se ela anda depressiva, ansiosa ou com sinais de medo e angústia.
4- Mudanças no vestuário
As mudanças na roupa de uma vítima de um relacionamento abusivo podem ter várias causas. A primeira, e mais comum, é pelo controle do abusador, que não gosta que sua parceira use roupas curtas ou decotadas.
Em segundo lugar, acontece por causa da agressão física. Neste caso, a vítima está vestindo roupas compridas para esconder os hematomas decorrentes da violência sofrida.
Você identificou essas mudanças em alguma pessoa? Se sim, continue a leitura abaixo e saiba o que fazer para ajudar antes que seja tarde demais.
Em briga de marido e mulher, meta a colher!
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil já chegou a registrar um caso de feminicídio a cada 6 horas e meia.
O feminicídio nada mais é que que o assassinato de uma mulher apenas por causa do seu gênero, ou seja, quando uma pessoa é assassinada apenas por ser mulher!
A maioria desses casos ocorre dentro de relacionamentos abusivos, com violência doméstica que começa com pequenas atitudes controladoras e termina em morte.
Por isso, é importante exterminar da mente o pensamento de que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. Na verdade, se mete sim!
– Mesmo que a vítima perdoe o abusador;
– Ainda que ela não queira registar um Boletim de Ocorrência.
Sempre que perceber indícios de violência doméstica ou agressões mais sérias, denuncie.
Para denunciar ou pedir ajuda para alguma vítima, ligue para a Central de Atendimento à Mulher no número 180.
O canal está disponível todos os dias, 24 horas.
Se preferir, denuncie em uma Delegacia da Mulher.
O que fazer para sair de um relacionamento abusivo?
Você se identificou com muitas das situações abordadas no artigo? Você acredita que está sendo vítima de um relacionamento abusivo?
Nesta seção, discutiremos algumas das coisas que você pode fazer para sair de um relacionamento abusivo.
Um dos passos mais importantes é entender que você não está sozinho. Há muitas pessoas que foram abusadas e estão dispostas a ajudá-lo em ONGs e grupos de apoio.
Você também pode procurar ajuda profissional de um terapeuta ou conselheiro que possa fornecer apoio e aconselhamento especializado. Se você sentir que está em perigo, ligue para o 190 imediatamente!
Trabalhe a sua autoestima
Um relacionamento abusivo acaba completamente com qualquer resquício de autoestima que uma mulher possa ter.
Ela passa a acreditar nas mentiras que o abusador contava para fazê-la se sentir mal, sendo necessário se livrar dessas crenças para conseguir reconstruir a vida. Lembre-se:
- Você é suficiente!
- Você é linda!
- Você é inteligente!
- Você é capaz!
Para te ajudar nessa jornada, recomendamos a leitura do livro “Como superar a Baixa Autoestima”, escrito pelo especialista em saúde mental Dr. Ezequiel Chissonde.
Encontre uma fonte de renda
Como já mencionamos, é bastante comum o agressor tornar a vítima financeiramente dependente dele. Assim, ela não poderá sair da casa do agressor, nem se sustentar sem apoio financeiro.
O processo é mais simples quando existe ajuda de familiares. Mas quando a vítima é sozinha, essa pode ser uma enorme barreira para se livrar da relação abusiva.
Para isso, é importante encontrar uma fonte de renda, mesmo que escondida do agressor, para conseguir sair do relacionamento.
Nesse sentido, é interessante começar com algo que você possa trabalhar em casa, nos momentos em que o agressor sai para trabalhar ou fazer outras coisas.
Algumas atividades que podem te dar uma renda extra em pouco tempo são as profissões digitais. Mas, também é possível trabalhar com artesanato, venda de doces e afins.
Termine o relacionamento abusivo em um local seguro e com apoio
Existe um risco significativo de que o agressor a ataque fisicamente ou até mesmo cometa o pior quando o relacionamento terminar, então não faça isso em casa. A melhor maneira de se proteger é ter um plano de segurança antes do término do relacionamento.
Faça isso em um local público e, de preferência, peça a um familiar ou amigo para acompanhá-lo, para garantir sua segurança.
Desenvolva a sua inteligência emocional
Terminar um relacionamento abusivo não é fácil. Você tem que estar convencido de sua decisão para não voltar atrás e recomeçar com o sofrimento de antes.
Nesse sentido, recomendamos que você assista aos conteúdos do Assamplay. Uma espécie de plataforma de streaming criada pelo Dr. Ezequiel Chissonde para melhorar sua saúde mental, autoestima e equilíbrio emocional.
Com os vídeos publicados pelo médico especialista em saúde mental, será mais fácil manter-se longe do seu abusador e recomeçar sua vida.
Peça ajuda!
É importante construir uma rede de apoio para terminar seu relacionamento abusivo.
Seja ajuda das autoridades ou de seus amigos e familiares, peça ajuda. Não tenha vergonha dessa situação, você não é culpada pelas atitudes de outra pessoa.
Encontre um lugar para ficar e mantenha isso em segredo do seu agressor.
A central de atendimento 180 também fornece informações importantes sobre os direitos da mulher, incluindo os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso, como: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAM), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.
Se você está em um relacionamento abusivo, é importante que você conheça seus direitos como vítima e o que fazer se seu parceiro tentar encontrá-la ou assediá-la pessoalmente ou online.
Não pague para ver!
O príncipe do início por quem você se apaixonou não existe mais. Não crie falsas esperanças achando que ele irá mudar. E, principalmente, não acredite que as suas ameaças são sem fundamento e não passam de promessas vazias.
Se ele tem ameaçado te bater ou até mesmo te matar, registre rapidamente um boletim de ocorrência e procure um local seguro para ficar. Não pague para ver, pois o preço pode ser muito alto!
Considerações finais
É difícil se recuperar de um relacionamento abusivo. Eles são emocionalmente e fisicamente desgastantes e podem ter um impacto negativo na saúde mental da vítima.
Os abusadores, geralmente, têm muito controle sobre suas vítimas e usarão esse controle para mantê-las no relacionamento. Alguns abusadores podem não ser violentos ou mesmo fisicamente abusivos, mas podem usar o abuso emocional para manter a vítima na linha.
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