“WAKELENGENJA WALIMA, WASINJA OMBELA WAVONGA”
Este é um provérbio em um dos idiomas falados em Angola (Umbundu). Sua interpretação é: Melhor semear logo após os primeiros chuviscos e garantir a colheita, do que aguardar pelas abundantes chuvas e se arrepender do atraso.
Uma das primeiras tarefas que aprendi na vida foi cultivar a terra. Da colheita do milho e hortaliças, parte vendíamos para com o dinheiro nos sustentarmos. Outra parte trocávamos com roupas, calçados e bens estocáveis que, em épocas de escassez, trocávamos com alimentos que não faziam parte de nossa lavoura.
Foi uma fase de muito aprendizado com nossa mãe, que desempenhava o papel de pai e mãe. Para um excelente cultivo eram fundamentais duas atitudes:
Primeiro, escolher a boa estação para cada tarefa: Semear, capinar (ou carpir, como se diz no Brasil), lidar com as pestes, e só então chegava a fase da colheita. Cada época tem as suas características em termos de temperatura ambiente, humidade do solo, altura do capim (ervas daninhas), tipos de pestes, e estratégias de colheita.
A segunda atitude importante era acordar cedo. Nos levantávamos as 4 horas e trabalhávamos até as 7horas. As 7h30 tínhamos que estar na sala de aulas. À tarde, até as 16h era o melhor momento para vender as hortaliças no mercado (kitanda, varejão). Após as 16h com o sol mais fraco, era o tempo de irrigar as plantas do pomar e as hortaliças, com água tirada de um poço (cacimba) que nós mesmos escavámos.
Como primeiro filho tive que aprender a ser pai dos meus irmãos. Ainda hoje já criados, formados e encaminhados, pais, quando os visito, contam piadas de como me tratavam. Quando eu me aproximava, alguém gritava ” o general chegou”, e cada um corria para seu canto, ficava quieto ou arrumava a bagunça… Morro de gargalhadas por essa terrível imagem que sem perceber, passei a carregar… Mas no fundo hoje somos amigos e parceiros, e vivemos a colheita do que semeamos nesse passado…
A tarefa de ser pai me obrigou desde cedo, a estudar sobre família e educação de filhos. Felizmente, hoje tenho o privilégio de agregar essa bagagem a minha paternidade de fato, e ao meu trabalho médico, que envolve sempre o paciente e sua família, e o paciente olhado sobre vários ângulos e perspectivas, muito além da sua doença.
Por isso, quero trazer algumas reflexões, aplicando alguns desses princípios de semeadura ao abordar a desafiadora e controversa tarefa de ser pai.
Vale para pais, candidatos a pais, e formadores de pais (incluindo mães e profissionais que trabalham com famílias). Se você tiver interesse, vai dando uma passadinha aqui.
Contribuições com experiências de pais “tarimbados” serão muito bem vindas, em:
Com carinho,
Dr. Ezequiel Chissonde
#Desafiodapaternidade #Preparandopais
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4 comentários em “A DIFÍCIL E PRECIOSA ARTE DE SEMEAR”
Que proverbio sábio! Tirei print pra ver sempre!
Que bacana Vanessa! Passe adiante! Compartilhe em seus grupos de Whatsapp e nas suas redes sociais. Assim seus familiares e amigos também terão acesso!
Muitas pessoas até semeiam mas não conseguem regar e esperar que a semente cresca. E esta aqui o grande segredo.
Com certeza Telma! É preciso saber esperar!