Empoderamento negro

PALI ONJOI, PALI ONJILA – ONDE EXISTE UM SONHO, HÁ UM CAMINHO!

Há um provérbio africano que diz: “Pali Onjoi, Pali Onjila” — “Onde existe um sonho, há um caminho”. Esse ensinamento nos convida a refletir sobre a importância de construir e perseguir sonhos, mas, acima de tudo, reforça que o caminho para realizá-los exige esforço, unidade, e uma mudança profunda de mentalidade. Para a população negra, especialmente, esse caminho envolve não apenas crescimento pessoal e profissional, mas também a construção de uma consciência coletiva e o fortalecimento da identidade e da autoestima.

Neste artigo, vamos abordar temas fundamentais para essa construção, como saúde mental e emocional da população negra, o papel da identidade negra, do Empoderamento negro e da africanidade, o impacto do panafricanismo, a importância da diversidade e inclusão, e como a filosofia Ubuntu nos ajuda a entender que, juntos, podemos ser mais fortes.

Protagonismo – Empoderamento negro: Precisamos de Mais Líderes Negros

Quando postei a foto de Joaquim Barbosa como um potencial candidato à presidência, fiquei surpreso com as reações. Mais do que uma questão política, aquela postagem me fez refletir sobre o protagonismo negro e como a sociedade muitas vezes nos impede de assumir nossas histórias. Em seu livro Women, Race & Class, Angela Davis aponta que a marginalização da população negra está enraizada em séculos de opressão, onde a narrativa dominante sempre buscou nos invisibilizar. Essa invisibilização ainda persiste, e a luta para romper essas barreiras continua.

Diante disso, precisamos de líderes que assumam o protagonismo de suas histórias, que avancem além dos papéis tradicionais que a sociedade tenta nos impor. 

Estudos sobre saúde mental realizados pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) mostram que a falta de representatividade impacta diretamente a autoestima e a saúde emocional da população negra. A ausência de referências positivas e de líderes negros faz com que muitos jovens se sintam desamparados, como se o sucesso não fosse uma opção para eles. Um gráfico produzido pelo CEERT mostra que jovens negros que têm mentores ou líderes em quem se espelhar apresentam 40% mais chances de alcançar sucesso acadêmico e profissional do que aqueles que não têm essas referências.

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Desconfiar de Outros Pretos: O Veneno do Racismo Internalizado

A história nos ensinou a desconfiar de outros negros. Essa é uma tática do opressor para nos dividir e evitar que criemos alianças poderosas. A estrutura do racismo é mantida por meio da separação e da desconfiança entre os próprios negros.

Ainda hoje, vemos como essa desconfiança é manifestada. Quando uma pessoa negra alcança uma posição de destaque, há sempre aqueles que questionam sua competência, inclusive dentro da própria comunidade. Esse fenômeno, conhecido como racismo internalizado, afeta profundamente a autoestima coletiva, perpetuando ciclos de auto-sabotagem. Precisamos romper esse ciclo, valorizando o sucesso de outros negros e celebrando suas conquistas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou que o racismo internalizado contribui significativamente para a depressão entre jovens negros, especialmente quando associado a baixos níveis de autoestima e identidade fragmentada. Segundo a OMS, comunidades que trabalham juntas para eliminar a desconfiança entre seus membros apresentam uma melhora de 30% na saúde mental de seus habitantes.

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Representatividade: Empoderamento negro – A Chave para o Sucesso

No dia da minha formatura, fui o orador da turma. Era o único negro em uma turma de medicina em uma universidade particular. Muitas pessoas vieram me parabenizar e até sugeriram que eu me candidatasse a cargos políticos na minha cidade natal. No entanto, essa experiência me fez refletir sobre algo maior: representatividade.

O provérbio africano UmbunduCitombi Kulale Laye Kakumuila Ekosi” nos ensina que “Quem não dormiu com você, nunca conhecerá suas mazelas”. Ou seja, apenas quem viveu as mesmas lutas pode, de fato, falar por você. É por isso que a representatividade é tão importante: ela não é sobre dar voz a alguém, mas sobre permitir que essa pessoa ocupe espaços onde sua voz será ouvida. Quando temos mais pessoas negras em posições de poder, estamos expandindo as narrativas e criando novas possibilidades de sucesso.

Pesquisas conduzidas pela Universidade de Harvard mostram que empresas que promovem a diversidade e garantem a representatividade em cargos de liderança são 21% mais lucrativas e têm uma cultura organizacional mais inclusiva. Quando pessoas negras ocupam espaços de destaque, elas abrem portas para outros e servem como modelos que inspiram as futuras gerações.

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Unidade na Diversidade: A Força do Coletivo e do Empoderamento negro

A filosofia Ubuntu nos ensina que “Eu sou porque nós somos”. Esse princípio africano destaca a interconexão de toda a humanidade e a importância de uma vida em comunidade, onde o sucesso individual só tem sentido se estiver atrelado ao sucesso coletivo. O filme Pantera Negra trouxe à tona uma visão moderna de Wakanda, um lugar onde a tecnologia e a tradição coexistem em harmonia, mas, acima de tudo, onde os laços comunitários são mais fortes do que os interesses individuais. Essa visão é um reflexo da filosofia Ubuntu: nossa força vem da unidade.

Precisamos adotar essa mentalidade na nossa luta por emancipação. Ao invés de nos dividirmos por questões religiosas, partidárias ou ideológicas, devemos focar no que nos une: nossa negritude. A luta por justiça racial não deve ser fragmentada; ela precisa ser construída em solidariedade e respeito às diferenças.

Pesquisas realizadas pelo Instituto Ethos mostram que empresas e organizações que adotam políticas de inclusão e diversidade, com foco na representatividade, apresentam uma redução de 25% nos índices de rotatividade de funcionários, além de uma melhoria significativa no ambiente de trabalho e na inovação.

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Mudança de Mentalidade: A Chave para o Futuro

Para que possamos avançar como indivíduos e como comunidade, é necessária uma mudança de mentalidade. Precisamos abandonar a ideia de que o sucesso vem de depender de salvadores ou padrinhos, e entender que a verdadeira emancipação acontece quando tomamos controle de nossas vidas e de nosso destino.

Ninguém fará o trabalho por nós; precisamos ser os arquitetos de nosso próprio futuro. O mesmo vale para a identidade negra: é hora de construir um futuro onde a negritude não seja vista como um fardo, mas como uma fonte de orgulho e poder.

Essa transformação requer esforço contínuo. Como afirma Kwame Nkrumah, um dos grandes líderes do panafricanismo, “A emancipação da África é tarefa dos próprios africanos”. Só nós podemos construir o futuro que desejamos, e isso começa com a decisão de sermos protagonistas da nossa própria história.

Conclusão

O caminho para o empoderamento negro passa pela construção da autoestima, pela promoção da representatividade e pela luta por justiça e igualdade. O sonho de uma África e uma diáspora unidas, fortes e prósperas começa com cada um de nós. Pali Onjoi, Pali Onjila – onde existe um sonho, há um caminho. Vamos juntos construí-lo.

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Dr. Ezequiel Chissonde

Dr. Ezequiel Chissonde

É Médico, Palestrante, Mentor e Treinador de Lideranças. É entusiasta por investir em pessoas que desejam se tornar a melhor versão de si mesmas.
Através de seus projetos, tem impactado inúmeras pessoas ao redor do mundo.
São pessoas comuns que, através do trabalho de Ezequiel Chissonde, fizeram mudanças profundas na história de suas vidas.

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